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Paragens
  • autor: Roniwalter Jatobá
  • prefácio: Flávio Aguiar
  • orelha: Marçal Aquino
  • ilustrações: Lasar Segall
  • capa: Antonio Kehl sobre Favela, de Lasar Segall
edição:
1
selo:
Boitempo
páginas:
169
formato:
24cm x 13cm x 1cm
peso:
196 Gramas
ano de publicação:
2004
encadernação:
Brochura
ISBN:
9788575590409

"A prosa de Roniwalter fala daqueles exilados em seu próprio país" – Marçal Aquino

"A arte de Roniwalter está em, a partir da crise social, construir uma visão da crise ética decorrente e conseguir uma solução estética consistente, através do recurso às reminiscências das formas velhas de narrar por trás das características da narrativa moderna. Desta forma, a crise da sociedade, externa, passa também a ser força de estilo  parte interna, forma, portanto - da obra literária."
Flávio Aguiar (trecho da apresentação do livro)

 

Paragens é uma reunião de três novelas de Roniwalter Jatobá: "Pássaros Selvagens", "Tiziu" e uma terceira inédita, que dá nome ao livro. Cerca de vinte anos separam a primeira da última, conformando, nas palavras de Flávio Aguiar, "uma viagem, uma espécie de migração que volta ao ponto de partida".

Migração talvez seja a experiência comum das três, nas suas diversas formas, revelando sofrimentos de um país marcado por diversos êxodos violentos: do tráfico negreiro de longa duração às peregrinações cotidianas periferia-centro-periferia nas grandes cidades atuais, passando pelo êxodo rural norte-nordestino rumo ao sul do país que, nas últimas décadas, acaba por determinar a sina de inúmeros personagens, como os trabalhadores migrantes que protagonizam as novelas de Roni.

Ainda nas palavras do crítico literário, "Pássaros Selvagens" conta a estória de um menino que termina por migrar para a cidade grande, saindo de uma povoação praticamente ressurgida das cinzas com a construção da Rio-Bahia. Paragens evoca o mergulho em si mesmo de um personagem que, depois de várias migrações, percorre as ruas inundadas de São Paulo e as estações de trem, até seu destino, que é nenhum. Sua última frase é: "Sigo calado, molhado, bestando".

"Tiziu" (nome de um pássaro) é a estória, em primeira pessoa, de um mutilado. Veio para São Paulo, desencontrou-se da vida, perdeu a mão em acidente de trabalho. Daí pensa voltar para sua cidade de origem, no sertão, mas não há mais retorno: como no caso de Macunaíma, sua tribo se perdeu. Solitário em meio a um povo e parentes que não mais o reconhecem nem ele reconhece, desesperado pela falta da pensão que não chega, deixa-se tomar por um assomo de violência que o levará a seu destino final. Em todos as narrações persiste o motivo do encontro com a morte como se, em meio à mentira do mundo, esta fosse a única verdade.